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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

AGOSTO




Agosto tem gosto de tristeza,
De tristeza no rosto,
De muito desgosto,
Muita incerteza.

Agosto tem gosto de sofrimento,
Que em meio ao vazio,
Nos enche de frio,
Carregado pelo vento.

Agosto tem gosto de solidão,
De paixão entristecida,
De algo que não tem vida,
De muita escuridão.

Agosto tem gosto de tédio,
Onde o novo não existe,
E o mesmo persiste,
Como se fosse o único remédio.

Mas a contra gosto,
Agosto tem cheiro de primavera,
De algo bom que nos espera
Que nos faz sempre sonhar...

Marcelo Santos


Itaguai, RJ 21/08/2017 – Seg  ventando e chovendo muito.

domingo, 13 de agosto de 2017

PAI

Pai onde está você?
Pai responde!
Mesmo não sei de onde,
Pai responde!
Não sei onde se esconde,
Mas mesmo sem querer,
Pai responde!
Onde está você?

Pai foi à solidão
Que me trouxe aqui,
Para implorar o teu perdão
E pedir pra você sorrir.
Sentir seus braços
A força e a segurança,
Pois não sei mais o que eu faço
Não sendo mais uma criança.

Pai foi tantos os desenganos
Que não sei explicar,
Destruiram os meus planos
Mas eu nunca deixei de sonhar.
E mesmo não estando certo
Te quero sempre comigo,
Pois longe ou perto
Você será sempre meu melhor amigo.


Marcelo Santos

Itaguaí, RJ 08/10/94

Sentindo a sua falta...

sábado, 12 de agosto de 2017

O bolinho da Danguinha

Que delicia, esfriando sobre a pia,
Quem diria...
O delicioso bolinho da minha tia.
Pra se comer sozinho
Ou em boa companhia,
Feito com carinho,
Feito com alegria.
A Massa eu não conheço,
O recheio é segredo, ela dizia.
Mas o bolinho da minha tia,
Quem diria,
É mais gostoso que a luz do dia,
É tão perfeito quanto a harmonia,
É tão bom como a alegria...
É pura poesia.
E que você não se engane,
E não entre numa fria,
Bolinho verdadeiro...
Só o da minha tia.

Marcelo Santos

Itaguai, RJ 10/08/2017 - quinta-feira


“chegando em casa depois de comer o bolinho da minha tia na casa minha mãe.”

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

TRISTE FAVELA

E lá morava eu
Eu minha Estela,
Num barraco de tabua
No alto da favela.

Eu sempre avistava
Da minha pequena janela,
Toda a grande cidade
Do alto da favela.

E de toda aquela altura
Não tinha visão mais bela,
De todo o litoral
Que parecia ser uma tela.

Era um local privilegiado
Por todos da favela,
Mas também não tinha luz
Somente as da vela.

Meu guri engraxava sapatos
Dos moradores da favela,
Mal amanhecia e lá estava
Com sua caixa e sua flanela.

De noite ninguém dormia
Por causa da batucada nas panelas,
Era o pessoal que ensaiava
Para sair na Portela.

Lá existia muitos cachorros
Tão magros que aparecia a costela,
Comiam muita imundice
E andavam atrás das cadelas.

Não havia escola
Naquela triste favela
Toda vez que via meu filho
Me lembrava do Teotonio Vilella.

O morro era cheio de assaltantes
Que fugiam das celas,
Roubavam na cidade
E se escondiam na favela.

Um dia eles roubaram
O armazém de Dona Carmela,
Roubaram um pouco de tudo:
Macarrão, pão e mortadela.

Muitos são mortos
Lá mesmo na favela,
Sem ter o pobre corpo velado
Em uma  pequena capela.

Pensaram num jeito
De melhorar a favela,
Inventaram um jogo de bingo
Vendendo cartela.

Mas não deu certo.
Então, inventaram uma cancela,
Para cobrar pedágio
Aos moradores da favela.

O pedágio aumentava todo dia
Diziam que ali não se congela,
Não emitiam nota fiscal
E nem mostravam a tabela.

Muita gente não gostou
Inclusive a minha Estela,
Pois tinha ido ao mercado
Comprar quiabo e berinjela.

Quiseram agredir
A minha pobre donzela,
Desci o morro correndo
Gritando ninguém toca nela.

Começou o quebra-pau
Na subida da favela,
Apanhei muito
Mas deixei muita boca banguela.

Apareceu os homens!
Gritou a minha Estela,
Vamos fazer as trouxas
E dar nas canelas.

 Hoje moramos numa casa
Linda de pequenas janelas,
Longe de todo barulho
Longe da triste favela.


Marcelo Santos


Itaguai, RJ  29/07/1986

VOCÊ ME ENTENDE

  Quando estou triste, Você me entende. Quando estou alegre, Você me entende. Quando estou sozinho, Você me entende. Quando esto...